sábado, 20 de abril de 2013

ABI-LOL

Fazer uma boa reportagem nem sempre é fácil. Por isso é que existem tantas “reporcagens” por aí.
Saí a campo a ver se garimpava uma entrevista com o Abi-Lol. Sabem como ele anda? Depois que lhe atiraram uma pedra, ficou meio cabreiro, achando que isso lhe minou a reputação.
Não sei exatamente quem atirou aquela pedra . A primeira, e as outras que se seguiriam...
Mas, se até as pedras se encontram, por que eu não iria encontrá-lo? Localizei, sim, o bruto. Numa ocasião em que três repórteres já o assediavam, sendo eu o quartzo. Aliás, não sou repórter de verdade.
No princípio, Abi-Lol se mostrou muito exaltado, com quatro pedras na mão e falando que estava tirando leite das pedras. Na certa, uma referência às agruras de ser ministro. Não era preciso exibir um certificado de garantia.
Foi desabafando:
"Olha, ser ministro é passar por um teste de dureza. Figueiredo puxa muito pela turma..."
Ao dizer "turma..." tive a impressão de que o ministro interrompeu a palavra. Talvez quisesse dizer turmalina...
O Abi-Lol, apesar da ascendência turca e de ser casado com uma turquesa, é um brasileiro da gema. Tão brasileiro quanto o Sr. H. Stern.
O fato é que, após lapidadas as arestas, rolou um clima cordial entre nós. Que fez a entrevista fluir por entre os cascalhos.
Pelas tantas, o ministro chegou a cantarolar uma música do Luiz Antônio. Um samba-canção que fala em “joia preciosa, cada um deseja e quer”. Não é do tempo de vocês.
Ao final, trocamos tapinhas nas costas e tapões no rosto.
Prometi que iria pôr uma pedra sobre o assunto. Prometi, mas não cumpri. Dei o seixo.
Trinta anos depois, estou aqui revelando o making-of do nosso encontro. E, mesmo que eu publique a entrevista inteira, não vai ser por conta disso que eu vou deixar de dormir feito uma pedra.

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