sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

HOMEM & MULHER

O HOMEM DO CONTRA

Começa pelo signo, que é aquele dos peixinhos, um no sentido contrário do outro. Sua cor é a amarela. Em contrapartida, sua pedra é qualquer uma que incomode no sapato.
Seu prato favorito, o contrafilé, e sua bebidinha, o licor "Cointreau". No círculo de amizade, apenas se acham os contraparentes.
O medo que sente do mar. Para contrabalançar tentou a carreira na Marinha. Desistiu, porém, ao perceber que levaria tempo demais para chegar a contra-almirante.
Numa contradança, conheceu a mulher de sua vida. Era contramestra. Depois de avaliar todos os contras, topou o himeneu. Mas ainda não têm filhos por causa dos contraceptivos.
Nas horas de ócio, toca contrabaixo pelo prazer de estar nas contra-oitavas. Ou, então, lê livros e mais livros embora não passe das contracapas.
Rigoroso no ato de comprar, não admite ser logrado no contrapeso. No entanto, quando a mercadoria é de contrabando fecha negócio na contraluz, isto é, no escuro.
Não receia andar na contramão. Se flagrado, sorri contrafeito e enfrenta a multa com uma contraproposta. Quando necessário vai fundo na contravenção.
Periodicamente, sofre de uma contratura muscular que contraverte a lógica. Porque só experimenta alívio quando toma um medicamento contra-indicado.
E acha que os tempos mudaram para melhor, mercê dos contratempos. Está firme no contrapé. E, contra tudo e contra todos, crê na vitória definitiva do contra-senso.
Eis aí a resenha comportamental de um homem do contra. Um homem do contra em meio às contradições de sua época.

A MULHER DO PRÓXIMO

A mulher do lojista é de fechar o comércio.
A do estelionatário é uma falsa.
A do escritor não está prosa.
A do motorista é uma cheia de curvas.
A do teatrólogo vive a fazer cena.
A do jardineiro tem minhocas na cabeça.
A do lenhador é de lascar!
A do militar é uma parada.
E a do estuprador, coitada!

A mulher do cabeleireiro é uma cabeça feita.
A do maître é uma para quinhentos talheres.
A do surfista vai na onda dos outros.
A do metalúrgico é um mulheraço.
A do tipógrafo não dorme no ponto.
A do andarilho é um pedaço de mau caminho.
A do guarda-florestal vive na moita.
A do estivador tá com tudo em cima.
E a do gay nem vem que não tem.

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